terça-feira, 10 de junho de 2008

Tradição oral

Depois de um papo com o Alexandre Vilas Boas e o Claudemir Lara, meus amigos-artistas aqui de Guarulhos, resolvi contar procês a experiência de ontem - bem bacana! - com o grupo de jovens do POJ (Programa Oportunidade ao Jovem), do qual sou Arte-educadora:

A conversa era sobre tradição oral; os saberes que estão dentro das pessoas, e que são transmitidos oralmente. Nossos encontros são no Fracalanza, um parque bonito demais. Pois então, levei a turma lá pra fora e fizemos uma roda. Daí puxei uma ciranda...

"Minha ciranda não é minha só/ é de todos nós!/ a melodia principal quem tira/ é a primeira voz/ pra se dançar cirandada/ juntamos mão com mão/ formando uma roda / cantando uma canção". (composição de Capiba, que fez pra Lia de Itamaracá)

...juntamos mão com mão e cirandamos.

Depois que a gente cirandou, separei o povo em duplas, que deveriam conversar sobre a palavra “sabedoria”: O que lhe diz esta palavra? O tempo era curto: três minutos pra pescar o pensamento, mais três pra entrar na roda e nos mostrar o que é sabedoria, sem utilizar a palavra falada. Usei esse tempo curtinho pra chacoalhar os corpos dessa gente que é nova de idade, mas que tem preguiça bem maior do que muita gente com mais idade, que eu conheço.

Foram dois de cada vez, mostrar pra turma da roda com seu corpo, o que era essa tal de sabedoria. Foi lindo de se ver!!! Vale ressaltar que, em geral, os gestos saíam do plexo solar, bem no meio do peito!

Depois cada um falou o que pensava sobre esta palavra:

“_Sabedoria a gente tem com a vida, depois que a gente fica velho”

“_Sabedoria é ser humilde e reconhecer nossos erros"

"_Sabedoria é o conhecimento que a gente tem dentro da gente e a gente passa pras outras pessoas"

"_Sabedoria é ter paciência e querer aprender"

"_Sabedoria é a inteligência que a pessoa tem"

Depois puxaram da memória, outra atividade que tínhamos realizado, na qual todo mundo trouxe o nome de uma pessoa, de sua convivência que, para eles, são pessoas que têm os saberes latentes e constantes em suas vidas.

Voltamos a juntar mão com mão numa roda e cirandamos mais um tanto. Desta vez, eles dançaram ciranda com vontade, brincando e rindo muito. Marcamos com os pés as batidas fortes da canção e, disseram, sentiram-se indígenas.

O Sol de outono nos abençoou e finalizamos o encontro com um som, que saía de dentro de nós, diretamente para o céu.

Eu tenho pra mim, que o nosso som tá voando...feito passarinho...e chega até os ouvidos e corações atentos, espalhados por esse mundão!