segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL e ANO NOVO MARAVILHOSO!!!

Gosto de pensar no Natal com cheiro de fruta fresquinha, manjericão e alecrim...gosto dos brilhos que refletem o que as pessoas têm por dentro e nem se lembram...gosto da paz que emana, quando a atmosfera fica mais leve e a gente mentaliza coisas bacanas pro universo...

Desejo que esse “pacote de coisa boa” chegue até você agora, como um presente, preenchendo sua alma, com boas vibrações!

Que possamos manter esse presente em nossos corações, para um Ano Novo MARAVILHOSO, cheinho de alegrias, bons pensamentos e ações!

Quatro ventos e muita sabedoria!!!

Débora Kikuti

sábado, 22 de dezembro de 2007

BOTANDO A PALAVRA PRA ANDAR

Contação na Praça Getúlio Vargas - Guarulhos/SP.
Sabadão...tarde gostosa e quente...praça fresquinha e aconchegante...gente passando, ficando, passando...bem perto da fonte...alimento pra alma!!!





terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Contação no niver da Nina

Minha gente,

Essa baita correria que te pega todo fim de ano é fogo...esqueci de comentar por aqui sobre a contação lá na festa de aniversário da Nina, minha queridíssima menina, filha dos amigos Rosi e Caio, irmã da também queridíssima Bia (Bia Pórvinha, depois eu conto porque...que ela não me ouça, causo que ela fica brava quando eu a chamo assim...).
Os póvos e póvas estavam todos reunidos, celebrando o aniversário. Chamamos pra sala e contei-lhes histórias...teve uma senhora que me perguntou se eu iria contar histórias de crianças. Daí eu disse pra ela ouvir, depois a gente conversava...criança mesmo, tinha pouca.
Ela gostou, todos gostararam e eu, mais ainda...como diz minha amiga Rosário: eu amo o que faço e faço o que amo!
É assim, ó: as histórias nos escolhem, sempre!



segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

VIVA O DIA DO PALHAÇO!!!


Quando eu era pequena, foi um circo lá em Artur Alvim. Lembro que a gente se arrumava bem, pra ir à matinê. Esse mundo fantástico fez minha infância ficar ainda mais maravilhosa...e o palhaço? Ai, o palhaço...esse ser que veio de outro planeta, e que me fez rir até umas horas, quando dói a barriga e a gente tem certeza que vai fazer xixi nas calças...

É... fazer rir a gente faz, mas saber fazer rir...ah!...isso é pra poucos...isso é pra palhaço!

Segue um texto bem bacana que recebi no meu correito eletrônico:


VIDA DE PALHAÇO

Imagine...

Um dia num Circo.

Num circulo.

Imagine na lona, no picadeiro brilha.

Atrás das cortinas poucos reconhecem teu valor.

Imagine...

Trabalha, dedica-se incansavelmente

Insiste, busca Ser, sem valorizar o Ter.

Imagine...

Equilibrando- se num fio de esperança

Circulando sem saber pra aonde ir

Voa sem ter aonde pousar

Sorrindo sem motivo de sorrir

Brilha sem ter quem ofuscar.

Imagine iludir a si mesmo, Sem segredo

Sem pintura, sem fantasia sem cores. Vida gris.

Só imagine, porque viver a vida de palhaço e muito digna pra ser real.

Depois volte para a sua realidade e viva a vida em plenitude.

Saia do sonho que tanto me fantasia.

Busquei, procurei outras vidas, mas vivo na fantasia.

Descobri que tenho medo da realidade das pessoas

Que tanto me ofendem e me descriminam.

Usa-me como símbolo de ridículo nas passeatas de protestos dos profissionais intelectuais

Sou pessoa, sou humano, sou palhaço sim senhor.

Palhaço Zé Badalo (Ruy Rayol)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ontem fui contar histórias pro povo do Circo Escola Seródio, aqui em Guarulhos. Fiquei encantada com aquelas crianças...elas bebem histórias, sabe? Tem um silêncio que não é feito fora delas, mas dentro, bem dentro... elas recebem a história, esparramando-se no chão, bem gostoso.

O lugar é bonito, com um bando de árvores (coisa rara por aqui) e crianças que só estão lá, participando das atividades, porque querem...delícia!

Brigada Márcia Dangelo, pelo convite, brigada povo do Circo Escola Seródio, pela recepção.
Quatro ventos e muita sabedoria!!!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

4ª Festa do Saci & Seus Amigos - 2007 - Guarulhos/SP



Oficina de estêncil graffiti e o mural com o resultado do trabalho... ficou muito bom!!!
Veio Saci de tudo quanto foi lugar...uma farra...a galera da oficina mandou muito bem, junto com o Donato(meu amor), que coordenou a oficina.

Roda de histórias...teve do Saci, da Cobra Grande, do Boitatá...no final a gente toda foi abençoada com canções: uma que contava a história de uma avó que faz o bolinho mais gostoso de Goiás, e outra que cantava o Saci.
Valeu Ponto de Cultura Estação Vila Augusta (Solange, Eder, Fátima, a Moça-que-estourou-pipoca)!Valeu Preto!Valeu MaryAnn! Valeu Thabata!Valeu Ricardo!Valeu Alex! Valeu Cassio! Valeu Sérgio! Valeu Antonio! Valeu Valquíria! Valeu Cristiano (pena que cê não ficou pra roda...)Valeu Moreno (por esperar sua mãe...)!
Muito agradecida, sempre por vocês acreditarem comigo nesta possibilidade de reencantar o mundo!

SACI nas ruas de Guarulhos!!!

O meu amor, Cláudio Donato, artista de rua que também trabalha pelo reencantamento do mundo, graffitou esse Saci bacana pelos muros de Guarulhos, pra divulgar o Dia do Saci, a Festa...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

4ª Festa do SACI
31 DE OUTUBRO - DIA DO SACI
“Por que “raloins”, duendes e gnomos? Nós, brasileiros, temos nossos próprios mitos, que não ficam nada a dever a esses importados, comerciais, que são usados para anestesiar a auto-estima do nosso povo. Respeitamos os mitos dos outros, mas não queremos que eles sejam usados pela indústria cultural como predadores dos nossos. Cada vez mais, muitos brasileiros começam a compreender isso.
O Saci, a Iara, o Boitatá, o Curupira, o Mapinguari e muitos outros brasileiros legítimos estão aí para serem festejados, sem espírito comercial, como nossos legítimos representantes no mundo do imaginário popular e infantil.
Viva essa turma boa!”
Trecho retirado do sítio da SOSACI
http://www.sosaci.org
ilustração: Donato

domingo, 14 de outubro de 2007

Lobisomem

Uma das meninas que participa do projeto no qual eu trabalho como Arte-educadora, a Elaine, contou-me a história de sua vida: ela só está aqui porque a vida da sua bisavó foi salva do lobisomen!!
Diz que foi numa noite de lua cheia; estavam, sua tataravó e seu tataravô, na casa simples em que moravam. Como não tinham porta, improvisaram com uns balaios. Nesta noite, o homem dormia profundamente, enquanto a mulher observava a noite pelas frestas dos balaios...o cestinho no qual sua bisavó dormia, ficava ao lado da cama do casal.
De repente, ela ouviu um uivo...ao mesmo tempo pôde ver uma sombra que tapava a luz da lua...tentou acordar o marido, sem sucesso...
Ouviu-se um barulhão e a porta de balaios veio abaixo...uma pata de monstro, bem grande entrou na casa. Na intenção de roubar o cesto aonde dormia a criança, o monstro esticava a pata o quanto podia. A mulher deu um pulo e puxava o cestinho, sem muita força física, porém com uma força sobrenatural, própria de mãe que cuida de sua cria. Nesse meio tempo, o homem acordou e ajudou-a a puxar o cestinho, fazendo força contra a fera. Lá fora, o Lulu, cachorrinho de estimação da família, lutava contra o bichão e podia-se ouvir seus gritinhos ao ser ferido. Lutou bravamente, o pobre!
Foi nessa hora que o homem lembrou-se da frase que poderia acabar com a maldição:
_Amanhã você vem buscar sal!
No mesmo instante o monstrengo largou de fazer força pra pegar o cestinho e foi-se...
Ficaram os dois assim, assustados, sem acreditar que estavam vivos com sua filhinha.
Quando o dia nasceu, o homem saiu para trabalhar e deu de cara com um sujeito enorme, bem perto de uma ponte. Seguiu pela direita e o tal o cercou. Tentou a esquerda e lá estava o dito cujo, impedindo sua passagem. O homem então, lembrou-se da noite anterior: esse era o homem que vivia sob o julgo da maldição! Olhou bem em seus olhos e disse:
_Num disse procê buscar sal lá em casa? Pode ir que tá lá, te esperando.
O homem foi, pegou o sal e sumiu...
Nunca mais se ouviu falar de aparição de lobisomem por aquelas bandas...
Valha-me Arcanjo Miguel! E a bisavó da Regiane ficou viva e teve como filha sua avó, que teve como filha sua mãe, que teve como filha a Regiane, que gosta de contar histórias, assim como eu!!!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Minhas lembranças têm bem mais do que 40 anos!

Dia 23 de setembro eu fiz 40 anos por aqui...dia bonito pra se fazer aniversário, não é mesmo? Sempre gostei de flores; elas me emocionam...

Minha mãe me conta da época difícil de quando ela estava grávida, me aguardando. O dinheiro era muito curto. Daí um dia, quando ela ia pra feira – na hora da xêpa, claro! -, parou pra conversar com a Dona Maria Gorda, sua vizinha; que deixou uns bifes de fígado fritando, enquanto conversava com minha mãe. O cheiro do bife fritando entrou bem nas narinas da grávida mulher, chegando na casa de sua vontade...a boca da coitada encheu de água! A vizinha perguntou se ela estava servida, mas minha mãe, envergonhada, não aceitou e agradeceu. Foi embora com aquela vontade que mata, aquela que só conhece quem já sentiu, a de grávida! Êita vontade louca e inexplicável, esta!!! Meu pai até tirou um vale quando pôde pra comprar ¼ de bife de fígado, mas não deu, ela já tinha passado...

Vai daí que, quando eu nasci, minha mãe foi logo procurar alguma marca em meu corpo. E lá estava! Na parte de baixo do braço direito, como uma chupada bem dada, uma mancha que imitava um pintinho na forma, com uma cor danada de bife de fígado!!! Tá aqui até hoje, já não tão pintinho assim...mas da cor do bife de fígado.

A ironia é que não gosto de comer carnes, não suporto bífe de fígado e tenho anemia!

Agora, essa história de vontade é muito séria!

Eu já tive as minhas e, qualquer hora dessas eu as conto procês.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Bebê passarinho

Não queria ser eu pra falar sobre isso, enfim...minha gente, não serei mais titia - POR ENQUANTO.
O bebê foi embora, neste fim de semana. Ficamos muito tristes...Conversando com meu irmão, pensamos sobre o tanto de amor que esse serzinho recebeu, no curto espaço de tempo que esteve conosco. Nós, que acreditamos no invisível, temos a certeza de que fomos, todos, beneficiados com sua curta estadia.
Lembrei: morávamos - eu o Cláudio e a Maíra, em uma casa boniiiita toda a vida...ela fica no bairro da Vila Augusta; com quintal grandão, horta, árvores de mixirica, limão, louro...atelier...tem um salão, de frente pra horta: local do Sarau do Juvenal, que promovíamos. Pois bem, tinha ninho de passarinho em cima das "nossas" árvores, coisa mais linda do mundo todo!!!Eu quase morria de emoção, toda vez que via os passarinhos sendo alimentados pelas mãezinhas...Acontece que na natureza, assim como tem gente, tem gato. E o bendito do gato queria comer passarinho. Pronto! Toda hora estávamos a proteger os bichinhos...mas não era possível o tempo todo...e o gato atacou. O Cláudio saía do atelier, em uma noite e viu uma coisinha assim, jogada no quintal. Foi ver o que era: um passarinho mortinho...ele fez o enterro do probrezinho; não pude participar, por tristeza. Já havia me apegado...E a vida sempre foi assim, chega e vai embora...
Penso que meu sobrinho era bebê passarinho; o gato não o pegou; ele foi voar pelo espaço, alçando novos mundos. Combustível, podem ter certeza, ele tem: um amor danado de grande, que se renova, o tempo todo!!!
Bons vôos, bebê passarinho! Joga um pouco desse amor por aí, tá?
Um beijo

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Festa do Folclore

A Casa de Cultura Estação Vila Augusta, me chamou pra contar histórias do folclore brasileiro em sua Festa do Folclore, realizada no dia 04 de agosto.
Foi bem bacana, tinha muita criança e o povo da casa criou uma floresta, dentro de uma sala...ficou com atmosfera e cheiro da mata...umas luzes que só apareciam de vez em quando, e uma escuridão muito boa pra se ouvir histórias...
A gente entoou uma canção mágica, pedindo licença pra mata e seus habitantes, antes de entrarmos...
Quando as histórias foram embora, celebramos com uma ciranda, pra que a gente não esquecesse do momento vivido...penso que ficou, lá dentro da gente, uma vontade de visitar a mata, com sua escuridão e seu silêncio, de verdade, o mais rápido possível...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

PODEM ME CHAMAR DE TITIA!

Ai, que vocês não sabem: vou ser titia...meu irmão tá grávido com a Jac e eles vão me dar uma/um sobrinha/o!!!!!!!!!!!!!!!!!

Registre-se: dia 28 de agosto de 2007, um sábado. Esse foi o dia que soubemos que a criança tá vindo pro mundão de meu Deus!

A história:

Meu irmão me liga, perguntando se eu já tinha feito teste de gravidez, desses que se compram em farmácia. Eu não lembrava não, mas disse que achava que prestava, e ele me contou que haviam comprado três (três!) e os três tinham dado o tal risquinho azul que tem que dar quando a mulher ta grávida. Só, que o tal risquinho tava meio tímido. Então eles (meu irmão e minha cunhada) resolveram ir ao médico (leia-se pronto-atendimento, hospital!) pra modi ver se conseguiam fazer um exame de sangue, daqueles que dá o resultado instantâneo, sabe? Pois bem, foram lá no tal hospital e o médico disse que parecia que ela estava grávida, mas o exame ele não podia fazer naquele dia, não. Somente pra o outro. Saíram de lá meio decepcionados e passaram na farmácia, a caminho de casa. Compraram mais três (três!) exames de farmácia e todos deram o tal risquinho azul, tímido. Foi o bastante pra o meu irmão me ligar e dizer que eles estavam de saída: iriam comprar uma champanhe e ir direto pra casa dos avós (avós e avôs moram no litoral) pra comemorar!!!

Não preciso dizer que o povo lá embaixo babou até umas horas...teve choro (é claro, que da banda da minha família!).

E tá assim, agora. Meu irmão querendo comprar fralda, desde já, pra fazer estoque...a gente enchendo o saco da Jacqueline pra ver se ela não quer comer qualquer coisa do mundo e olhando tudo que é coisa que lembra bebezinho que existe por aí...

Divinha se eu não serei Contadora de pé-de-berço? Divinha se eu não farei uns acalantos, soprando de leve suas sobrancelhas, que nem eu fazia com o meu irmão? Pronto! Vou ter que passar um tempo por lá...já viu, né? Titia nova, dá trabalho, baba e fica deslumbrada.

Queria compartilhar com vocês minha felicidade! Podem me chamar de titia, pois agora eu sou!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Gente independente, também precisa de outra gente...

Dia desses, minha mãe sofreu um golpe por telefone. Disseram que meu irmão havia sido seqüestrado.

Não preciso dizer que a mãe, se não morreu de nervoso, quase morre de alegria, quando recebeu a ligação do meu irmão. Ele não tinha sido seqüestrado; estava bem e seguro em sua casa. Minha mãe foi vítima de um golpe muito malvado.


Mas isso só aconteceu, porque era o meu irmão o suposto seqüestrado. Se fosse eu, a filha, ela desligaria o telefone, assustada. Depois, viraria pro meu pai e diria: _Modesto, alguém ligou dizendo que a Débora foi seqüestrada! Mas tudo bem, né? Há essa hora ela já deve ter dado na cara do seqüestrador, feito um discurso daqueles e convencido o moço que ele tem que libertá-la; a Dé sabe se virar...

É isso que dá, ser independente desde cedo...nem a mãe da gente acha que a gente precisa dela...

Quem não se conformava com minha independência era a minha avó Maria. De jeito nenhum! Ela vivia me espreitando...me seguindo...crente que algo ruim aconteceria a qualquer momento.

E foi por causa de uma intuição dessas, de uma espreitada, que ela acabou por salvar a minha vida...

A Mirela era uma menina que também morava na Rua Fábio Luis, em uma casa bem bonita e grande, de gente rica! Todo mundo queria ir à casa da Mirela porque lá tinha piscina e um monte de brinquedo bacana.

Um dia, a menina foi brincar comigo em casa, na varanda...eu tinha esquecido (mas ela, não) que a gente havia brigado e eu bati bastante nela. A raiva da surra tinha ficado guardada lá dentro da Mirela, esperando o melhor momento de sair e vingar-se! No que eu virei pra pegar o bulinho de café (a gente brincava de casinha), a doida pulou em cima de mim, passou o seu braço pelo meu pescoço e me asfixiava, bufando de tanto fazer força! Eu não conseguia mais respirar e achei que naquele momento um anjinho viria me buscar. _Eu vou morrer, agora! (pensei). Quando, de repente, surge a minha avó Maria, que deu um empurrão na Mirela, salvando minha vida, graças à sua mania de ficar me espreitando!!!

Penso que cheguei a ver um anjinho rindo da minha cara...quase né?!

A Mirela foi proibida de chegar perto de mim, mas no outro dia a gente tava brincando de “As Panteras” correndo na Rua Fábio Luis, eu a Mirela e meus primos...

É por isso que eu falo: até a gente, que é bem independente, precisa de outra gente, assim que nem a minha mãe e a minha avó, que faz qualquer coisa pela gente!!!

terça-feira, 10 de julho de 2007

Seu Misael

Meu pai é um baiano, lá de Campo Formoso. É muito sossegado e sempre teve esse jeito que diz que a vida é boa, em um tempo só dele, que eu gostava e gosto muito de sentir. Pra mim, era um passarinho, por viver cantando e gostar tanto dos de sua espécie – os passarinhos, de toda qualidade.

Bem pequena, convivi com um loro que adorava esse homem! Andava livre pelo quintal, falando muito. Pela manhã, acordava todo mundo:_ Vó, dá café pro loro!!!Nem o Zé Bétio falando no rádio, ganhava dele!

Um dia o loro sumiu e eu chorei muito, embaixo da mesa da cozinha - eu sempre chorava embaixo da mesa da cozinha. Meu irmão, compadecido com minha tristeza e, querendo me imitar, ficava comigo, chorando também. Depois de alguns dias meu pai achou o loro na casa de um vizinho sem-vergonha que tava bem quietinho, achando que a gente ia parar de procurar o bichinho...O que ele não sabia é que ninguém podia com aquela família, quando apaixonada!

Seu Misael sempre foi louco por criança, por bicho e por planta. E as crianças eram apaixonadas por ele. Só o olhavam e já esticavam os bracinhos, jogando o corpo pra frente, querendo seu colo!

Lembro das horas em que ele comia, revirando o prato com um montão de coisas, que pra mim eram momentos especiais e criativos.

A boa comida:

Botava primeiramente cebola e alho picadinhos. Depois era a vez do feijão fresquinho e bem temperado da minha mãe. Agora sim, é claro, a farinha, coberta pelo arroz. Em cima disso tudo iam mistura (carne!) e os legumes ou verduras. Era uma época boa, de comida saudável e suficiente. Eu gostava também de comer só feijão com farinha, que ele me ensinou a fazer...

Êta coisa boa essa, de lembrar de pai da gente, quando a gente era criança...

O meu mora lá em Mongaguá/SP. Estive com ele neste fim de semana e a gente caminhou pela praia no fim de tarde, vendo o Sol ir dormir e a noite dando sua cara...que tava linda, por sinal! Tivemos certeza que somos abençoados! Ficamos assim, emocionados a olhar o grande mar e penso que foi um dos momentos mais felizes de minha vida!

Seu Modesto é gente boa, jeito manso e tranqüilo que minha alma precisa sentir, sempre!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Chuva fina em céu de alma sofrida

Um amigo nosso deixou o planeta no domingo. Foi de forma trágica e violenta.

Me deu muito medo e, quem mora em mim - nessa vida tênue e de carne, teima em me fazer rever sentimentos acumulados sem razão, a considerar possibilidades que antes eram inviáveis, novas ações, acompanhadas de um viço, próprio de vida nova.

E é uma coisa louca o que acontece aqui dentro; o susto querendo fazer a gente tomar jeito e a tristeza que quer me fazer ficar quietinha, quietinha, com choro miudinho de chuva fina em céu de alma sofrida.

Quem mora dentro de mim, bem velha, tenta me alegrar. Aliás a alegria sempre foi minha principal característica. Se ela não pinta, é que o negócio tá brabo!...Dou uma escutadinha, viro do lado e suspiro. Deixa eu ficar, só por hoje, não-alegre, com choro de chuva miudinha...até o chorão, que é grande e forte chora, por que não eu?

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Minha avó - parte II - Dias de chuva e medinho, dentro do olho azul

Escrito em 18 de maio de 07 - Contar histórias, Contadora de Histórias!

Tá chovendo...e sempre que chove muito assim, eu me lembro de quando morávamos na Rua Fábio Luis, em um bairro da zona leste de São Paulo. Minha avó Maria morava conosco e cuidava da “netaiada”, que era terrível. A tia Sonoe morava na mesma rua, só que um pouco mais pra cima, bem pertinho da escola onde estudávamos.

Nossas casas eram muito bacanas, com quintais imensos de terra batida, muita planta e flor...Mas a casa da tia Sonoe...tinha um pé de abacate!!!Ai, que gostoso quando botavam um balanço!!! E a festa junina então? Era bom demais!

Vai daí que minha avó, às vezes, ia pra casa desta minha tia e levava a gente com ela.

Nós, os netos, gostávamos quando dava temporal; a chuva forte fazia um enxurrada em nossa rua, que era uma delícia. Passávamos um tempão lutando contra a força das águas, poderosos como o quê, pra subir rua acima. Minha avó ficava muito preocupada, mas não conseguia dar conta de segurar todo mundo. E era perigoso a gente se cortar com um caco de vidro ou mesmo pegar doença do xixi de algum animal. Preciso dizer pra vocês que na minha infância, sempre que chovia, “acabava a força”. Sim, acabava a energia elétrica. Ficava tudo no breu! E, minha avó sabia...E, muito sabida, quando percebia que “armava o tempo”, passou a dar tarefa pra cada neto. Um pegava as velas. Outro cobria os espelhos com toalhas. Um fechava a torneira, bem mesmo, pra não pingar. Afinal, tudo isso aí atraía “relâmpu”! Os menores tinham que subir em algo pra poder alcançar seu objetivo. Ah! Tinha que arrumar a mesa; tirar tudo de cima pra botar a vela e acendê-la: já, já, ia “acabar a força”.

E, pronto! O tempo fechava, escurecia tudinho e puf! A luz sumia...

Ai, que bom que a vela tava acesa, né?

- Eu tinha certeza que minha avó Maria tinha poderes especiais, era mágica, sei lá! Ela sempre sabia “de um tudo”!!! - e a gente nem saía pra buscar enxurrada...

Daí, ela sentava numa cadeira e botava todo mundo em volta da mesa. Meu irmão sentava pertinho de mim, quase colado. E o silêncio tomava conta da cozinha, lugar do fogo sagrado e criativo, enquanto ela passava as pontas dos dedos na toalha de mesa gasta, tentando arrumar.

Era uma eternidade de silêncio, só interrompido pelo trovão, logo após o “relâmpu” clarear tudo...

A história:

A certa altura a avó começava a contar a história do homem que ela conheceu quando morou no interior, lá na fazenda. Ele cuidava de uma boiada e quando percebeu que o tempo “armou”, recolheu o rebanho e foi se recolher também. Só que um bezerro escapou e saiu pelo pasto afora...

O homem (que cada vez que ela contava a história tinha um nome diferente) ia sair pra buscar o bezerro, mas sua avó disse pra ele não sair não, que era perigoso andar fora de casa em dia de temporal, tem muito “relâmpu”...pode morrer até!! Ele nem deu bola pro que a avó disse e saiu, em busca do bezerro. Não voltou. Encontraram o coitado no dia seguinte, debaixo de uma árvore perto do descampado: torradinho! Caiu um “relâmpu” bem no meio do “cucurutu” dele!!!

Êita, que a gente nem respirava de tanto medo! E quando dava de dar um relâmpago daqueles que iluminam tudo, justo na hora que ela contava a parte do “torradinho”? Ai, que meu irmão só faltava enterrar a cabeça no meu sovaco.

Pois é, em um desses dias de temporal e de histórias - sempre terríveis - ela contava a parte que o homem estava embaixo da árvore, quando caiu um raio em cima do pé de abacate da tia Sonoe! Vixe, que foi uma gritaiada só, uma choradeira e até minha avó, que tentou disfarçar ficou com medo. Bem que eu vi, dentro do olho azul dela, o medinho iluminado pelo clarão do raio e depois da vela...

E agora, ainda chove por aqui. Já não temos mais a avó Maria pra contar histórias em dias de chuva, mas, se chove, inevitavelmente eu lembro do medinho dentro daquelo olho azul especial.


crédito da imagem: www.gigacolor.com.br/imagem/16/img_2.jpg

domingo, 13 de maio de 2007

O melhor presente do mundo, eu ganhei da Maíra...


Contar histórias, Contadora de Histórias!
A Maíra me apareceu domingo com um presente de Dia das Mães e me entregou um envelope lindo que ela fez.
Abri o envelope com aquelas bocas todas nele e me senti muito beijada; aquela borboleta ficou uma belezura! Dentro, tinha uma foto nossa de quando ela era bem pequenina, que me emocionou e, uma carta. Comecei a ler, cheia de vonta e chorei de alegria! Essa figura é mesmo, muito, muito especial! Tenho certeza de que ela é o melhor presente do mundo todo!!!
Compartilho com vocês a carta da Maíra, transcrevendo-a, por acreditar que o amor é capaz de reencantar o mundo!!!
Brigadão Má, por você existir e por me fazer a mulher mais feliz do universo!!! Grande beijo da mamãe...
Lá vem a carta da Maíra...

"Era uma quinta-feira que antecedia o dia das mães. Uma menina tentava escrever uma cartinha p/ presentear sua mãe no domingo. A menina sabia que este foi mais um feriado inventado por esse mundo capitalista, que só quer que as pessoas consumam, ela era uma garota muitississississimo inteligente (e modesta!), sabia que o dia das mães eram todos os dias, mas sentia que sua querida, amada, adorada, venerada e idolatrada mamãe merecia uma homenagem, só que não sabia o que fazer p/ uma pessoa tão especial. Enfim, ela teve uma idéia. Que tal escrever uma carta contando a história de uma garota que pensava no que escrever para sua mãe em um cartão de dia das mães?! Perfeito! Afinal sua mãe era uma contadora de histórias encantadora (óia que coincidência). Então ela pegou um papel e um lápis, pois se errasse era só apagar, assim como sua mãe havia lhe ensinado que se alguma coisa não está bem não devemos ter medo de mudar ou de tentar outra vez. Começou a história assim: Em uma quinta-feira..."
Mãe você já percebeu que a pessoa, a menina sou eu (oooh!). Tudo isso aí foi p/ te dizer o quanto você é especial para mim, que eu não sei viver sem ter você, que vou levar no meu coração tudo o que você tem me ensinado, você não é meu apoio, você é aquela que me incentiva a levantar, que você é tudo na minha vida (toh ateh chorando), que você é a melhor mãe do mundo (tenho super certeza disso), que eu agradeço muito por viver com você, ai mamãe não tenho palavras p/ dizer o tanto que eu te amo, o que eu disse não é nem a metade, nem 1/3, porque por tudo que passamos juntas não caberia nem em um livro.
Poiselson mamãe, acho que como sempre o que eu tenho a dizer é...
EU TE AMO!!

Mãe tem Dia?

Contar histórias, Contadora de Histórias!
Quando a Maíra me perguntou o que eu queria ganhar de presente no Dia das Mães, eu disse que não queria presente material, que ela já é o meu presente, blá, blá, blá...daí a gente conversou sobre a banalização das coisas que valem a pena, de verdade, só pro comércio ganhar seu din din...
Minha memória foi buscar lá na minha infância, o Dia das Mães. Chegamos então ao ambiente escolar, com minha professora nos ensinando como fazer uma "lembrancinha" pra dar de presente às nossas mamães...não me lembro ao certo o que era, mas me lembro de ter perguntado à ela:
_Professora, mãe tem dia?
Ela disse que não, que todo dia era Dia das Mães. Daí eu tornei a perguntar:
_Então por que a senhora não ensina como fazer lembrancinha todo dia?
Ela tentava me explicar sei lá o que, mas a classe tava bem animada, falando muito e bagunçando todo o material...ela foi acudir uma menina que se estapeava com outra por conta da bendita lembrancinha...
Fiz a minha lembrancinha, dei-a à minha mãe no Dia das Mães - que ficou bem feliz, vale lembrar!
Mas a minha inquietação, desde aquela época, pulava dentro de mim, que nem pipoca! Por que é que eu tinha que fazer coisas só quando diziam que eu podia fazer?
Cresci assim, difícil...e, quando a Maíra nasceu, eu resolvi: todo dia é dia de tudo, de qualquer coisa, Dia de dizer que eu amo ( toda hora), Dia de pedir perdão (vale voltar no quarto, depois da bronca), Dia de fazer comida gostosa (esse é pras lombrigas), Dia de brincar (pra criança que mora em todos nós), Dia de contar histórias (pra alimentar a alma), Dia de cantar (pra ser feliz), Dia de fazer carinho (pra fortalecer por dentro), Dia da filha (pra gente poder trocar), Dia da Mãe (pra fazer lembrancinha), Dia de não fazer nada (pra dar fôlego), Dia de comemorar qualquer coisa (pra gente ser livre), Dia da vó (pra sabedoria), Dia de comprar alguma coisa (pra fazer parte da sociedade), Dia de falar bobagem (só por que eu quero!), Dia de sair (pra ganhar mundo), Dia de namorar (pra ficar gostoso), Dia de lembrar de coisas (pra manter a vida), Dia de dançar (pra não enferrujar), Dia da preguiça (porque é bom à beça!), Dia de chorar (pra desaguar um bocadinho), Dia, de dia, de noite...
Eu, que fui uma terrível adolescente, só quando cresci bastante é que me dei conta da importância da minha mãe, em qualquer dia. E não precisa estar perto, não. Ela mora longe, mas nos falamos quase que todo dia. Essa história de mãe é muito forte, coisa que não se explica...a gente sente...Mulher que banca a gente aqui no Planeta, não é pouca coisa não!!!Não é só a gestação, que por si só já mereceria um prêmio do universo...é a coisa toda de educar, de ser presente...ser presente?
É isso, mãe é ser Presente. Então filho já recebe presente de mãe, certo?
Começo a rever meus valores...penso que filho tem que dar presente pra mãe!
Não, melhor: filho é presente! Mesmo quando está ausente...
Amo você mãe!!!!!!!

sábado, 12 de maio de 2007

Meu presente antecipado...

Contar histórias, Contadora de Histórias!
Pois é, esse foi o presente, adiantado, que eu ganhei de Dia das Mães da minha mais recente descoberta de gente bacana: Mõnica Kikuti! E olha que ela nem é minha filha!!!
Se vocês pensam que ela é minha parenta...não é não, a gente só tem o sobrenome igualzinho...
Ela trabalha lá no Jornal Olho Vivo, junto com a Luciene - outra gente bacana.
O mais engraçado foi a minha filha, a Maíra, quando ficou sabendo que sairia numa foto junto comingo...quase morreu de catapora!!!!!!!Rimos muito quando o Índio - fotógrafo do Olho Vivo, mais uma gente bacana, esteve em casa pra fazer a foto!
A matéria foi super bem escrita e carinhosa...não poderia ser melhor presente, que guardarei com muito amor pra eu olhar quando for bem velhinha.
Valeu Mônica, pela lembrança e pela sensiblidade.
Valeu Maíra, por ter saído muito bem na foto!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Histórias pras mamães....

Contar histórias, Contadora de Histórias!
Sábado passado fui convidada pela Solange pra contar histórias na Casa de Cultura Estação Vila Augusta. O povo de lá é bem bacana, a gente sempre apronta alguma juntos.
Era uma atividade que iniciava a comemoração do Dia das Mães. Tinha um montão de gente - umas 100 pessoas! Mãe então, nem te conto...o lugar é muito gostoso, tem um quintal cheio de árvores...é uma casa muito aconchegante, quem não conhece tem que ir lá pra ver!
Cantamos uma canção pra aconchegar ainda mais, contei algumas histórias e propus que escrevêssemos nossos desejos em tirinhas de papéis de seda, que seriam amarradas em um balão de gás...este levaria até o céu nossos pedidos, que seriam realizados, é claro!!!!!!!!!!!!!!!!
Acontece que o mundo é cheio de boas idéias que precisam ser aprimoradas...a minha tinha um probleminha: muito desejo pra pouco balão!!!!
Lá fomos nós então, mentalizar nossos desejos - representados por apenas uma tirinha em branco - que voou pro céu, finalmente.
Foi um momento bem especial, penso eu, pros póvos e póvas que estavam lá...
Quem não foi...perdeu! Na próxima eu aviso, tá?

Depois eu bóto a foto da atividade...

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Contação na Livraria da Vila

Contar histórias, Contadora de Histórias!
Pessoas, neste final de semana contei histórias na Livraria da Vila, nas lojas da Vila Madalena e Lorena.



Apesar de estarmos em um meio de feriado, e por isso mesmo com pouca gente, foi muito bacana e aconchegante...


No sábado aconteceu na loja da Vila Madalena...tava frio mas a gente saiu de lá com nossos corações bem aquecidos...muito bom, mesmo!!! "O Amor da Minha Vida" estava lá e levou a Rose e o Caio. Fiquei especialmente feliz em contar histórias com eles por ali...ah! e se não fossem eles, não teríamos essas fotos pra mostrar aqui, nem a simbologia dos carinhos quentes...muito agradecida, sempre Preto, Rose e Caio!!!!!!!!!!!!!

No domingo já tava mais quente...foi a vez da loja da Al. Lorena nos receber e de eu ficar bastante feliz com a presença de minhas novas amigas, a Gabi e sua vovó Clei, que estiveram na contação da Vila no dia anterior. Brigadão meninas, é muito bom conhecer gente que gosta de histórias feito vocês!!! Pra elas eu contei o Carinhos Quentes, novamente, de presente!!!

Bom, é isso, divido com vocês mais uma emoção da vida que me acontece.
Carinhos quentes pro mundo todo e até mais!!!!!!!!!!!!!! Lá vem a história...

UM CONTO DE CARINHOS (Claude Steiner)

Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antonio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.

Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar uma doença nas costas que as fazia murchar e morrer.

Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão na sacolinha surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz o Carinho se expandia e se transformava num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele e a pessoa se sentia toda bem.

As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos, na maior parte do tempo.

Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou em seu ouvido: "Olha, Antonio, veja os carinhos que Maria está dando à Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum para você".

Antonio ficou admirado e perguntou: "Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente na sacola?"

E a bruxa respondeu: "Eles podem se acabar e você não os ganhará mais". Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.

Antonio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar a Maria, de quem gostava muito, e Antonio também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.

As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos foram ficando cada vez mais mesquinhos.

As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quentes e acarinhadas e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir ungüentos e poções.

Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porque se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e ungüentos: inventou um novo plano. Todos ganhavam um saquinho que era muito parecido com o Saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.

Daí para frente, sempre que alguém dizia "Eu quero um Carinho Quente", aqueles que tinham medo de perder um suprimento respondiam: "Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas, se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio".

A situação ficou muito complicada porque desde a vinda da bruxa havia cada vez menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.

Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco, sem se preocuparem com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos os seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.

Outra pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter de retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda, pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram na verdade Carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seus Carinhos de Plástico. Sentiam-se bem em alguns momentos mas, logo depois, sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.

A situação, portanto, ficou muito grave.

Não faz muito tempo uma mulher muito especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque a mulher dava às crianças a idéia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes terminassem, e a chamavam de Pessoa Especial.

As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes, sempre que tinham vontade.

Os adultos ficaram muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou que alguém os pedia. Como existiam muitas crianças parecia que elas prosseguiam seu caminho.

Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência? Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças e entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? Lembrar-se-ão dos dias em que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?

terça-feira, 10 de abril de 2007

As histórias nos escolhem, sempre!


Eu já conhecia a história do bambu chinês, mas ela me escolheu pra eu recontá-la procês, conforme me foi enviada pela Marcia, minha amiga da biblioteca...junto com uma reflexão...

Contar histórias, Contadora de Histórias!

O Bambu Chinês

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.

Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Um escritor de nome Covey escreveu:

"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava."

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos. Em nosso trabalho especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento,de pensamento, de cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Feito Lúcia...

Contar histórias, Contadora de Histórias!

Gente, cês num sabem...reencontrei uma amiga minha muito querida, a Lucinha...Foi uma grande alegria; mexeu comigo, de verdade!
Ela é uma daquelas pessoas que a gente gosta muito de encontrar; é gostoso falar com ela, é gostoso estar com ela e muito, muito gostoso ouví-la cantar!!!!!
Fez parte de uma parte da minha vida que, apesar de muito difícil, foi fundamental pra eu ser quem eu sou agora e saber o que e quem eu não quero mais !!!
Acompanhou minha segunda gestação e pôde sentir a Maíra se mexendo em mim, quando botava sua mão em minha barriga. Demos muita risada juntas, confidenciamos muito uma à outra e tenho ela em meu coração, lugar bem especial, reservado à pessosas assim...feito Lúcia.

quinta-feira, 29 de março de 2007

A lenda de Kokopelli


Minha amiga Thabata me perguntou sobre o Kokopelli que coloco como primeira postagem neste blog. Achei que deveria registrar sua lenda, recontada por um representante do Clã dos Lobos do Cerrado. Para maiores informações, leiam "As cartas do caminho sagrado", de Jamie Sams. Ah! A ilustração é minha, tá?

Contar histórias, Contadora de Histórias!

A Lenda de Kokopelli

"Era uma noite de outono, e nós estávamos sentados ao redor de uma fogueira, no alto das montanhas na Mesa Verde, quando eu vi pela primeira vez a figura de Kokopelli se aproximando da nossa aldeia. Ele tinha uma corcunda avantajada e vinha tocando sua flauta numa completa harmonia com o som das montanhas. Notamos imediatamente naquela figura o Deus Kokopelli, com sua flauta, corcunda e com suas características fálicas pronunciadas.
Sua flauta era confeccionada em osso, e ele a tocava pelo nariz. Segundo os anciões, as narinas possuíam poderes mágicos, pois o espírito entrava e saia do corpo por elas.
A história que eu escutava sobre nosso visitante, era que ele era um brioso Tolteca que chegou a Aztlán vindo do coração do México. Aztlán foi o local onde originou a poderosa Nação Asteca antes que ela construísse sua capital no meio de um lago, numa ilha conhecida hoje em dia como Cidade do México. A fronteira norte de Aztlán ficava ao sul do Colorado e cobria todo o vale do Rio Grande no Novo México. A fronteira norte de Aztlán era povoada pelas pacificas Nações dos Pueblos. Nós os Pueblos éramos fazendeiros e habitávamos as encostas das montanhas. Dependíamos dos Seres-Trovão e do Arco-Íris Rodopiante para alimentar as Três Irmãs (Milho, Abóbora e Feijão) que garantiam a nossa sobrevivência.
A música, suave e inspiradora, ecoava pela parede do desfiladeiro. A Mesa Verde estava repleta de habitação no alto da encosta, as fogueiras brilhantes ardiam, e todo o Povo olhava, maravilhado, observando Kokopelli transformar a música encantada de sua flauta de nariz numa poção milagrosa, que alimentava os corações dos jovens e velhos.
Kokopelli não tinha corcunda, pois sua corcunda estava sentada ao seu lado e devia ser a sua sacola de objetos sagrados e de cura que ele havia trazido para negociar. Sua flauta parecia brilhar à luz da fogueira, e ele empregava os reflexos do fogo e o som de sua música para hipnotizar todo aquele público.
Havíamos tido um ano de seca e havia pouca esperança que voltasse a chover. As penas do cocar de Kokopelli eram brilhantes e vermelhas de arara, que davam a ilusão de que o corpo se banhava na Chama Eterna da paixão e da criatividade. O Fogo da fertilidade que coroava sua cabeça também se irradiava de seu corpo enquanto se inclinava oscilante diante do fogo tribal. Ao terminar de tocar sua flauta, embrulhou-a como se fosse uma criança num pano brilhante e ofereceu à Grande Nação das Estrelas. Suas palavras alcançaram os recantos mais distantes do povoado.
- Esta flauta leva a música das Estrelas à Grande Mãe Terra, e convoca os Seres-Trovão a virem fazer amor com ela - gritou Kokopelli. - Esta união dará ao Povo uma criança que um dia conduzirá de volta às estrelas, através da Terra interior da qual todos vieram.
Uma lufada do ar gelado da montanha passou pelo meu corpo, subiu o desfiladeiro e foi atiçar as brasas do fogo tribal, causando um redemoinho que explodiu, enchendo o céu noturno de fagulhas que lembravam as estrelas. Os murmúrios de admiração saídos da boca do Povo ecoaram pela noite escura. Subitamente, a luz que os Seres-Trovão lançaram foi o suficiente para que todos vissem as massas do Povo Nuvem que já haviam se agrupado nos céus, em resposta ao chamado de Kokopelli. Uma vez mais o Povo gritou, espantado com a mágica realizada por esse Deus, Kokopelli. Até mesmo os bebês, que já estavam dormindo, acordaram para apreciar o espetáculo mágico de Kokopelli. Certamente a chuva, há muito esperada viria para alimentar as Três Irmãs (Milho, Abóbora e Feijão), e o Povo conseguiria sobreviver. Kokopelli recomendou que todos apanhassem seus potes de barro e recolhessem a água da chuva para usar futuramente. Os Trovejadores gritavam que a chuva ia começar.
Os Bastões de Fogo criaram um grande jogo de luzes antes que Trovão Retumbante quebrasse o silêncio da noite. Além deste som só se ouvia a corrida dos pés metidos nas sandálias de fibra de iúca subindo e descendo escadas em busca dos potes. Só uma jovem ficou parada, em pé, perto da praça principal. Ela olhava para cima e observava, maravilhada, os relâmpagos que iluminavam o céu noturno, enquanto os outros, a seu redor, não paravam de correr de um lado para o outro. Kokopelli olhou seu rosto tão maravilhado, bonito e inocente, e aproximou-se dela, ainda segurando a flauta como se fosse uma criança. A jovem demonstrava tanta serenidade que chamou a atenção de Kokopelli.
- Por que não foi buscar seu potes? - perguntou ele.
- Já estão lá em cima. - respondeu ela.
Kokopelli perguntou o seu nome, e ela respondeu:
- Chamam-me Flor da Neve do Clã de Inverno do Milho Branco.
- Por que é que seus potes já estão lá em cima, Flor de Neve? - perguntou ele.
- Porque sua flauta me chamou assim que você começou a subir o desfiladeiro e me revelou que você traria a chuva. - respondeu ela.
Kokopelli ficou intrigado. Nisto, ela olhou para ele e sorriu. Kokopelli lhe sorriu de volta. Tinha acabado de entender a sua mensagem.
- Então é você! - exclamou ele.
O Xamã do Clã da Águia começou a convocar o Povo para uma oração de Graças. Neste mesmo instante os primeiros seres do Povo da Chuva começaram a tocar os seios da Mãe Terra. Kokopelli pegou Flor da Neve pela mão e conduziu-a suavemente até a Fogueira. Todos os olhares do Povo observavam o casal, que se encaminhava para o centro da aldeia. Terminada a oração, Kokopelli colocou sua flauta nos braços de Flor da Neve, como se fosse um bebê. Este gesto significava que aquela mulher partilharia de sua música e de sua semente dali por diante.
A magia pairava no ar, e o filho desta união usaria a Magia do Corvo para ajudar o Povo a redescobrir o seu caminho de volto às estrelas. Segundo a lenda, os Pueblos vieram abrindo caminho do mundo interior, logo após a Criação. Enquanto isso, os espíritos de seus Ancestrais retornavam ao mundo interno até que soasse a hora de caminhar novamente pela Terra. Kokopelli revelou ao Povo que houve um momento antes da Criação em que cada pessoa era uma fagulha da Chama Eterna do Grande Espírito, que havia caído sobre a Terra para semear a Mãe com os seus pensamentos, idéias e ações férteis. Kokopelli também revelou que todos se tornariam Vaga-lumes na Grande Nação do Céu, no dia em que os sangues Tolteca e Pueblo se unissem em um só sangue.
Contam os Astecas que nove meses depois Flor da Neve deu à luz um menino, que se tornou um grande líder espiritual do Clã da Águia. A sua Magia de Cura consistia em unir o carinho de sua mãe ao poder de Fogo do seu pai. Aquele local, chamado de Mesa Verde, já está abandonado há alguns séculos. Portanto uma pergunta ficou pairando no ar: teria este Povo deixado a Mãe Terra para ir viver na Grande Nação das Estrelas? Se isto for verdade, a fertilidade e a abundância de Kokopelli continuam brilhando, até hoje, em nosso mundo, durante todas as noites do ano.
”··Hancoka Olawmpi (Canção da Meia-Noite)”.
Livro "As Cartas do Caminho Sagrado" , Jamie Sams

sábado, 24 de março de 2007

Um presente pro meu irmão

No último dia 22 meu irmão fez aniversário.

Contar histórias, Contadora de Histórias!

Lembrei de quando ele era um bebezinho fofo e careca.
Eu brincava com minha prima Sandra, quando minha mãe chamou pra eu tomar conta do menino. Xinguei à beça, afinal a brincadeira tava tão boa...mas ia...e gostava...
Ele era um anjinho de tão bom. E eu, ficava ali um tempão, olhando praquela careca cheia de cabelinhos ralos, aquela boquinha fazendo bico...
Daí me lembrava da brincadeira; a Sandra tava esperando!!!
Então, iniciava minha estratégia pra fazer menino dormir: cantava uma canção, quase murmurando, enquanto passava as pontas dos dedos suavemente em suas sobrancelhas. Ao mesmo tempo, assoprava de leve seu rostinho. O menino ia piscando miudinho e abrindo a boca, gostosamente!
Num instante dormia, fazendo-me sentir uma paz infinita...ficava com vontade de dormir juntinho dele pra pegar a paz, mas lembrava que a Sandra não esperaria tanto tempo...
Corria pra fora, brincar à valer!!!!!
Meu filhilho já dormia...e dia 22 último, ele fez aniversário de gente grande!
Muita daquela paz procê, Tande!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 6 de março de 2007



Hoje passei por debaixo da copa de uma árvore florida e me senti abençoada...



Depois de um dia de trabalho lá no Ponto de Cultura CIM, voltando pra casa, uma árvore me abençoou. 

Foi no exato momento em que eu fiquei bem embaixo de suas flores, penduradas nos galhos cheios de folhas compridas – preciso saber o nome daquela espécie – que ela me sorriu e disse: 

_Vá em frente minha amiga, o importante é ser feliz, dar risada e beijar na boca!

Fiquei admirada, nunca ouvi isso de uma árvore. Como fazia muito calor, parei um pouquinho, fazendo de conta que me refrescava em sua sombra. Dei uma olhadinha pra cima e percebi que suas flores sorriam pra mim. Sim, elas sorriram pra mim! Pude ver seus pistilos e achar graça também!

E toda essa graça me fez lembrar de quando eu era criança e minha avó Maria me dizia que se quisesse ter um papagaio, tinha que dar comida pra ele. A comida em questão morava em uma flor: o girassol. Bonito demais da conta e forte como o quê!

Ela logo veio com a solução: plantar girassóis pra dar comida pro loro...

Plantava a semente em terra preparada com a ajuda da vó, aguava e esperava crescer. Cuidava de tirar as pragas e ficava encantada com o tamanhão que alguns pés ficavam!

Quando resplandeciam em luz solar, nossas flores eram as mais bonitas do mundo. Aquele amarelo todo me dava um tróço por dentro, uma vontade de chorar de alegria e eu ficava bem grande, podendo ver a plantação lá de cima.

Eu retirava as flores, assim que estas murchavam e botava  o miolo pra secar. Depois de secos, debulhava tudinho e guardava em um vidrão.

O loro já teria comida durante um tempão!

Foi assim que eu aprendi, com minha avó Maria, a semear, cuidar e amar o girassol e toda flor do mundo. Penso que estendi essa emoção pra minha vida e ando por aí ouvindo flores:

_O importante é ser feliz, dar risada e beijar na boca!!!!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

O NOVO

Contar histórias, Contadora de Histórias!

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.

Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

- Me ajuda a olhar!



Um dos textos de "O Livro dos Abraços" de Eduardo Galeano

domingo, 25 de fevereiro de 2007

SOBRE O DOMINGO

Hoje é domingo, pé de cachimbo

Cachimbo é de ouro, bate no touro
Touro é valente, bate na gente
A gente é fraco, cai no buraco
Buraco é fundo, acabou-se o mundo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Contar histórias, Contadora de História!

Vai daí que hoje é domingo, dia da preguiça. Êta coisa boa ficar de preguiça domingo pela manhã, almoçar bem tarde (hoje foi na casa da sogra) e ficar lagarteando à tardinha com o nosso amor, né?

Uma borboleta me contou que domingo é assim, preguiçoso que é pra gente se alimentar de energias pra semana que começa com o batente! Já imaginou se não tivesse o domingão pra dar um fôlego, fazendo nada?!!

Ai, que bom que você existe domingo!

Opa! Isso é um sinal do tempo...quando adolescente achava um porre o domingo, êh dia chato, triste e sem graça...

Legal, ainda bem que o tempo, que come a gente, também dá coisas! Coisas do tipo liberdade pra poder mudar de opinião sobre certas coisas e afirmar o que se sente de verdade.

Vai daí que chegou uma canção pro nosso domingo...


Uma Breve História do Tempo

Fernanda Abreu

Composição: Fernanda Abreu / Márcia Stein/Alexandre Amorim / Fernando Vidal

a cada segundo
do tempo do mundo
corta o espaço
uma grande verdade

a cada minuto
do tempo absoluto
vaga na vida
uma outra saudade

a cada momento
no sopro do vento
voa na mente
um desejo ardente

errante
constante
em busca do instante transparente

o pensamento voa
o corpo dança
o espírito brinca
a preguiça é boa

Uma poesia da Adélia Prado muito linda, como todas as que ela faz...É que esta é especialmente gostosa e me lembra a minha mãezinha!

SOLAR
Minha mãe cozinhava exatamente: arroz, feijão-roxinho e molho de batatinhas. Mas cantava


Eu, filha (foto de 69)

Ela sempre teve essa cara de gente boa! Muito agradecida, tá Mãe!!!!!

Eu, mãe (foto de 94)

Deus é bem bonzinho mesmo, mandou uma linda pra me deixar feliz!!!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Palavra de Mulher!



Pois é, cedi aos encantos de poder conversar com tod@s por aqui...
As coisas estão bem lá no Ponto de Cultura CIM. Entregamos os certificados de conclusão da oficina "Palavra de Mulher!" com muita camiseta bacana produzida pela mulherada! Contei uma história antiga, de origem árabe "Fátima, a fiandeira". Essa história me diz muito sobre a memória e os talentos que agregamos pelo caminho. Reparto com vocês sua versão escrita:
Contar histórias, Contadora de Histórias!

Fátima, a fiandeira

Numa cidade do mais longínquo Ocidente vivia uma moça chamada Fátima, filha de um próspero fiandeiro. Um dia seu pai lhe disse:

- Filha, faremos uma viagem, pois tenho negócios a resolver nas ilhas do Mediterrâneo. Talvez você encontre por lá um jovem atraente, de boa posição, com quem possa então se casar.

Iniciaram assim sua viagem, indo de ilha em ilha; o pai cuidando de seus negócios, Fátima sonhando com o homem que poderia vir a ser seu marido. Mas um dia, quando se dirigiam a Creta, armou-se uma tempestade e o barco naufragou. Fátima, semi-inconsciente, foi arrastada pelas ondas até uma praia perto de Alexandria. Seu pai estava morto, e ela estava agora inteiramente desamparada. Podia recordar-se apenas vagamente de sua vida até aquele momento, pois a experiência do naufrágio e o fato de ter ficado exposta às inclemências do mar a tinham deixado completamente exausta e aturdida.

Enquanto vagava pela praia, uma família de tecelões a encontrou. Embora fossem pobres, levaram-na para a sua humilde casa e ensinaram-lhe seu ofício. Deste modo, Fátima iniciou nova vida e, em um ou dois anos voltou a ser feliz, reconciliada com a sua sorte. Porém um dia, quando estava na praia, um bando de mercadores de escravos desembarcou e levou-a, junto com outros cativos. Apesar dela se lamentar amargamente do seu destino, eles não demonstraram nenhuma compaixão: levaram-na para Istambul e venderam-na como escrava.

Pela segunda vez, o mundo da jovem ruíra. Mas quis a sorte que no mercado houvesse poucos compradores na ocasião. Um deles era um homem que procurava escravos para trabalhar em sua serraria, onde se fabricava mastros para embarcações. Ao perceber o ar desolado e o abatimento de Fátima, decidiu comprá-la, pensando que poderia proporcionar-lhe uma vida um pouco melhor do que teria nas mãos de outro comprador.

Ele levou Fátima para sua casa com a intenção de fazer dela uma criada para sua esposa. Mas ao chegar em casa soube que tinha perdido todo o seu dinheiro quando um carregamento fora capturado por piratas. Não poderia enfrentar as despesas que lhe davem os empregados, e assim ele, Fátima e sua mulher arcaram sozinhos com a pesada tarefa de fabricar mastros. Fátima, grata ao seu patrão por tê-la resgatado, trabalhou tanto e tão bem que ele lhe deu a liberdade, e ela passou a ser sua ajudante de confiança.

Assim ela chegou a ser relativamente feliz em sua terceira profissão. Um dia ele lhe disse:

- Fátima, quero que vá a Java, como minha representante, com um carregamento de mastros; procure vendê-los com lucro.

Ela partiu então. Mas quando o barco estava na altura da costa chinesa, um tufão o fez naufragar. Mais uma vez Fátima se viu jogada como náufraga em uma praia de um país desconhecido. De novo chorou amargamente, porque sentia que nada em sua vida acontecia como esperava. Sempre que tudo parecia andar bem, alguma coisa acontecia e destruía suas esperanças.

- Por que será - perguntou pela terceira vez - que sempre que tento fazer alguma coisa, não dá certo? Por que devo passar por tantas desgraças?

Como não obteve respostas, levantou-se da areia e afastou-se da praia. Acontece que na China ninguém tinha ouvido falar de Fátima ou de seus problemas. Mas existia a lenda de que um dia chegaria certa mulher estrangeira capaz de fazer uma tenda para o imperador.

Como naquela época não exisitia ninguém na China que soubesse fazer tendas, todo mundo aguardava com ansiedade o cumprimento da profecia. Para ter certeza de que a estrangeira ao chegar não passaria despercebida, uma vez por ano os sucessivos imperadores da China costumavam mandar seus mensageiros a todas as cidades e aldeias do país, pedindo que toda mulher estrangeira fosse logo levada à corte.


Exatamente numa dessas ocasiões, esgotada, Fátima chegou a uma cidade costeira da China. Os habitantes do lugar falaram com ela através de um intérprete e explicaram-lhe que devia ir à presença do imperador.

- Senhora - disse o imperador quando Fátima foi levada até ele - sabe fabricar uma tenda?

- Acho que sim, Majestade - respondeu a jovem.

Pediu cordas, mas não tinham. Lembrando-se dos seus tempos de fiandeira, Fátima colheu linho e fez as cordas. Depois pediu um tecido resistente, mas os chineses não o tinham do tipo que ela precisava. Então, utilizando sua experiência com os tecelões de Alexandria, fabricou uma tecido forte, próprio para tendas. Percebeu que precisava de estacas para a tenda, mas não existiam no país.

Lembrando-se do que lhe ensinara o fabricante de mastros em Istambul,Fátima fabricou umas estacas firmes. Quando estas estavam prontas, ela puxou de novo pela memória,
procurando lembrar-se de todas as tendas que tinha visto em suas viagens.E uma a tenda real foi construída.

Quando a maravilha foi mostrada ao imperador da China, ele se prontificou a satisfazer qualquer desejo que Fátima expressasse. Ela escolheu morar na China, onde se casou com um belo príncipe e, rodeada por seus filhos , viveu muito feliz até o fim de seus dias.

Através dessas aventuras Fátima compreendeu que o que em cada ocasião lhe tinha parecido ser uma experiência desagradável acabou sendo parte essencial para sua felicidade.