terça-feira, 24 de junho de 2008

VIVA SÃO JOÃO!!!


Conta-nos Luís da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro, que "São João, santo católico, primo de Jesus Cristo, nasceu a 24 de junho e foi degolado no castelo de Macheros, na Palestina, a 29 de agosto do ano 31". Afonso Arinos em Lendas e tradições brasileiras, refere-se que a lenda de São João remonta a um período anterior do cristianismo, "nos cultos orgíacos da Ásia e da África antigas, cuja memória, alegam eles, se conserva no próprio nome de Santa Isabel, a mãe do Precursor".

Assim surgiu a festa de São João:

Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se.

Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que, dentro de algum tempo, iria nascer seu filho, que se chamaria João Batista.

Nossa Senhora, então, perguntou-lhe:

- Como poderei saber do nascimento do garoto?

- Acenderei uma fogueira bem grande; assim você de longe poderá vê-la e saberá que Joãozinho nasceu. Mandarei, também, erguer um mastro, com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa.

Um dia, Nossa Senhora viu, ao longe, uma fumacinha e depois umas chamas bem vermelhas. Dirigiu-se para a casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia vinte e quatro de junho.

Começou, assim, a ser festejado São João com mastro, e fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões, danças, etc…

E, por falar nisso, também gostaria de contar porque existem essas bombas para alegrar os festejos de São João.

Pois bem, antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste, porque não tinha um filhinho para brincar.

Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser pai.

A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o filho nascer.

No dia do nascimento, mostraram-lhe o menino e perguntaram como desejava que se chamasse.

Zacarias fez grande esforço e, por fim, conseguiu dizer:

- João!

Desse instante em diante, Zacarias voltou a falar.

Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os lados.

Lá estava o velho Zacarias, olhando, orgulhoso, o filhinho lindo que tinha…

Foi então que inventaram as bombinhas de fazer barulho, tão apreciadas pelas crianças, durante os festejos juninos.

(RUIZ, Corina Maria Peixoto. Didática do folclore)


Mas a maioria dos festejadores do culto de São João ignora essa lenda, pois a mais popular entre o povo é a que se refere à infância do Precursor.

São João estando deitado no colo de sua mãe que o embalava, pergunta quando é o seu dia. Santa Isabel manda que ele durma. E São João dormiu na sua noite querida, porque, se estivesse acordado desceria à terra e tão alegre ficaria que todo o mundo seria destruído pelo fogo.

Contam outros que se São João estivesse acordado durante a festa que lhe é tão ruidosamente dedicada, e vendo o clarão das fogueiras acesas em seu louvor, não resistiria o desejo de descer do céu para acompanhar os festejos, e o mundo acabaria pelo fogo.

As cantigas oriundas das lendas de São João têm um encanto e um fascínio comovedor:

Se São João soubesse
Quando era o seu dia
Descia do céu à terra
Com prazer e alegria


Minha mãe quando é meu dia?
– Meu filho, já se passou!
– Numa festa tão bonita
Minha mãe não me acordou?


Acorda João!
Acorda João!
João está dormindo
Não acorda, não!

(EDISIA, Maria. O São João e suas lendas. In São João na Bahia)

Visitem: http://www.jangadabrasil.com.br/

3 comentários:

  1. Era uma moça à primeira vista durona. Falando firme mas sorrindo, o que deixava a gente entre o espanto, o medo e o ensaio de riso na cara. Aí que ta! A cara dela... era uma cara que dava vontade de ficar olhando, se divertindo com seus detalhes. É a cara mais capaz de fazer outras caras que eu já vi na vida.
    E o nome que ela dava pras coisas então! Tinha mania de dar nome pras coisas e de contar coisas sem nome, coisas misteriosas que deveriam dar medo mas que, como ela falava que é coisa assim, que não tem muita explicação já mudando de assunto como quem já nem lembra do canto escuro, acabava se encostando ali, no nosso canto escuro.
    Mas isso de dar nome acabou virando jeito de dizer mesmo. Quando encontrava era “oi beleza!” Com aquela voz firme, grave, o sorrizão e os olhinhos pequenos na cara que sorria inteira. Quando ia embora era “tchau beleza!” e só. Não carecia dizer mais nada, nem essas coisas que às vezes a gente acha que tem que falar pra não ficar aquele silêncio meio constrangido da partida.
    Antes eu achava que era gracinha, piada mesmo, mas depois olhei melhor e vi que ela, olhando melhor e vendo, acabava descobrindo a beleza em cada um que encontrava pelo caminho. Se criança, era beleza de doçura e divertimento. Se velho sábio, era beleza de respeito e gratidão. Se moça, era beleza de reconhecimento. Se moço, era beleza de moça pra moço.
    Tudo isso dava pra ver naqueles olhinhos que já eram, mas ficavam ainda mais pequeninos quando aquele bocão se abria em gostosa gargalhada!
    Ela também gostava de coisa antiga. Tudo era “minha avó”, “minha mãe”, “quando eu era pequena”... Falava de seres e coisas e seres-coisa que existiram no passado e tinha o poder de fazer a gente ver no presente, ali bem no nosso nariz essas coisas.
    Diz ela que é contadora de histórias. Eu acho que isso é nome moderno pra gente que nasce com vocação pra ser avó e como quem só sabe fazer isso mesmo, vai passando pela vida assim: deixando no outro sua marca, sua palavra, seu som, seu som (om om om om om om om .......)

    Obrigada pelos domingos compartilhados beleza!!!

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  2. Que linda imagem do São João do carneirinho! E que linda homenagem postada...vale a pena fazer o que se gosta!
    Obrigada pela participação no forró junino! Bj, beleza!

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  3. Olá Contadora de Histórias! Tinha uma Abelha no meio do caminho! E no meio do caminho tinha uma história.
    Gostei do Blog, bem cuidadinho. Ficarei freguês de hoje em diante.
    Abraço grande!

    Valdir Lira

    valdir_lira@yahoo.com.br

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